Segundo dados do Escritório Municipal da EMATER/RS - Ascar no munícipio de Boa Vista do Buricá já foram registrados 1.797 mm de chuva somente neste ano. "Em menos de seis meses choveu o estimado para o ano inteiro", relatou o Técnico Agrícola da Emater Vanderlei Sipp.
Somente no mês de maio o acumulado nos 13 dias de chuva foi de 450mm. Nos dias 4, 6 e 7 de junho já choveu 226 mm em Boa Vista do Buricá, ultrapassando a média mensal da região que é de 150mm.
PRODUÇÃO LEITEIRA
Tanta água tem causado prejuízos nas estradas e principalmente na produção agropecuária. No munícipio, conforme levantamento realizado pela Emater houve uma perda de 20% na produção leiteira nas últimas semanas, o que representa uma quebra na produção de 13.976 litros por dia.
"As perdas com a produção de leite ainda vão se refletir por muitos dias. A silagem que seria usada em épocas de maior escassez está sendo utilizado agora para suprir a necessidade dos animais, então o problema ainda vai se estender por muito tempo, até novamente normalizar".
SOJA
Mesmo que a grande maioria da soja foi colhida na época em que estava madura, haviam ainda cerca de 30 hectares para serem colhidos. "São aquelas lavouras em que o produtor havia colhido milho em grão ou feito silagem um pouco mais tarde. Toda essa área foi perdida, porque os grãos apodreceram, por excesso de chuva e falta de sol". Em termos de produtividade, segundo a Emater foram perdidas em torno de 36 toneladas.
TRIGO
Outro ponto que também está preocupando os agricultores é com relação ao plantio do trigo. Dados estimam que existem no município em torno de 30 produtores de trigo, que cultivam uma área de 700 há anualmente.
"O plantio praticamente ainda não iniciou no município. Porém, estamos na época ideal recomendada pelo Zoneamento Agroclimático para realizar o plantio, que vai se estender até o final do mês de junho. Sabemos que ano após ano, o trigo que é semeado até meados de junho, é que tem tido as melhores produções, tanto em qualidade como em quantidade. Então, orientamos os agricultores para que quando o clima permitir, aproveitem para fazer a semeadura.
HORTIGRANJEIROS
Além destas perdas maiores já comentadas, também houve perdas na produtividade de hortigranjeiros, principalmente as folhosas, como a alface e rúcula, que apresentaram podridão nas plantas, o que inviabiliza a comercialização.
DEMAIS CULTURAS
Com relação as culturas de subsistência, como feijão, mandioca, batata, batata doce, todas elas, também estão apresentando perdas, principalmente por causa da podridão das raízes ou brotação dos grãos, no caso do feijão, o que vai acarretar em perdas para as famílias que as cultivam.
LAVOURAS
As lavouras também foram castigadas pelo excesso de chuvas. Houve perda de solos e nutrientes, os casos mais graves estão relacionados à erosão do solo que abre sulcos nas lavouras.
"O principal problema é novamente recuperar estas áreas, pois não é de um ano para outro que conseguimos fazer a recuperação do solo que foi degradado".
ESTRADAS
As estradas e cabeceiras de pontes no interior também sofreram prejuízos. A cheia dos rios também causou bloqueio em algumas estradas impedindo a passagem de veículos em Linha Santana, Bom Princípio e em Alpargatas.
A Secretaria de Obras e Viação trabalha na recuperação dos trechos que estão em situação mais crítica. Na sexta-feira, mesmo com turno único, as máquinas trabalharam o dia todo em atoleiros na comunidade de Linha Almeida.
No sábado pela manhã, foram recuperados trechos nas comunidades de Linha Coqueiro, Linha Thums, Caçador, Bom Princípio e Santana. Durante esta semana também foram realizadas melhorias nas estradas de Pé de Bota, Linha Gaúcha e Beato Roque.
Postado por Lucas Mumbach
