Mesmo sem números concretos sobre prejuízos, que poderão levar até 15 dias para serem levantados, o setor agropecuário do Rio Grande do Sul terá um impacto intenso da enchente, nas cadeias de grãos, hortaliças e proteína animal. Foi o que garantiu na manhã desta sexta-feira o diretor técnico da Emater/RS-Ascar, Claudinei Baldissera, no programa Acontece, da Rádio Guaíba.
Segundo Baldissera, já se pode considerar um volume significativo de perdas na safra de grãos, especialmente pela quantidade de soja ainda a ser colhida, cerca de 25% da área plantada de 6,7 milhões de hectares. Isso representa em torno de 1,7 milhão de hectares ou 5,6 milhões de toneladas de grãos, levando em conta a produtividade média de 3,4 mil quilos por hectare.
Baldissera ressaltou também que faltam ser colhidos cerca de 17% das plantações de milho, cuja área total foi de 812 mil hectares. O milho tem um papel importante em outras cadeias, como a do leite, por servir como base da alimentação. “Há muitas dificuldades no setor leiteiro, desde a captação nas propriedades até o transporte do produto para as indústrias. Para dentro da porteira, pode faltar comida para dar aos animais e diminuir a produção de litros por vaca”, analisou.
O diretor técnico da Emater lembrou ainda a situação da produção de hortaliças, que, mesmo sendo cadeias de ciclo curto, vão ter impacto e este será sentido no preço que o consumidor pagará nos supermercados. “Vamos precisar de uns 15 dias para ter um levantamento dos prejuízos com exatidão”, encerrou Baldissera, ao comentar que a chuva também trará problemas a longo prazo, com o aumento de doenças fúngicas nas plantas.