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Excesso de umidade dificulta reconstrução de hortas pós enchente no RS

Publicada em 21/05/2024 às 08:45h

por Emater/RS-Ascar


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 (Foto: Divulgação)

A Olericultura foi fortemente atingida pelas chuvas intensas e enchentes que persistem sobre o Rio Grande do Sul. Através dos extensionistas, a Emater/RS-Ascar tem feito o levantamento das perdas no setor agropecuário, contabilizando os prejuízos desse evento climático que atingiu quase a totalidade do território gaúcho. Dos 497 municípios, 461 foram diretamente afetados. No último Informativo Conjuntural, divulgado na última quinta-feira (16/05) pela Emater/RS-Ascar, há relatos de perdas de folhosas e hortaliças em todas as regiões do Estado.

“Nesse momento, as equipes municipais da Emater de todo o Estado estão trabalhando num levantamento detalhado daquilo que a agricultura, a pecuária, a infraestrutura das propriedades rurais, a logística de produção e de comercialização foram afetadas com essa calamidade”, destaca o diretor técnico da Emater/RS, Claudinei Baldissera, ao avaliar a situação da Olericultura no RS, presente em 46 mil unidades produtoras. “Numa área de mais de 71 mil hectares se estima que a Olericultura gere cerca de R$ 5,6 bilhões por ano para a economia do Estado”, calcula.

O diretor técnico diz lamentar que a Olericultura tenha sido bastante afetada, principalmente no setor de folhosas, que são culturas mais sensíveis, e requer algumas semanas para que esse estágio de normalidade seja retomado. Claudinei ressalta que, de certa forma, algumas regiões ainda preservam boa parte da produção, ainda que prejudicada, mas possível de alcançar ao mercado consumidor, mas principalmente a região dos vales, que é muito produtora de hortaliças, “ela foi severamente afetada com infraestruturas de irrigação, de estufas, com carregamento de solo, camada de terra, de camada arável bastante impactado, e certamente esses produtores terão uma sequência de dias e meses importantes para retomar um estágio de normalidade da produção”, avalia.

SITUAÇÕES REGIONAIS

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Campanha, no município de Bagé, produtores relatam problemas no desenvolvimento de folhosas em ambiente protegido, especialmente pela combinação de elevada umidade com baixa luminosidade. Apesar de os produtos apresentarem menor qualidade devido ao clima adverso, a impossibilidade de abastecimento de hortaliças provenientes da Ceasa tem aumentado a demanda dos mercados locais. Na Fronteira Oeste, os produtores de alface de Uruguaiana relatam perda de 50% da produção em função do longo período chuvoso. Em Alegrete, as perdas seriam de 50% a 60% na produção de repolho, cenoura e beterraba. Em Quaraí, a produção de folhosas também está sendo afetada, e se observa menor oferta na feira municipal, além de elevação do preço médio para R$ 5,00/unid.

Na região de Ijuí, a continuidade do clima úmido e chuvoso e a baixa insolação desfavorecem o desenvolvimento das olerícolas: em ambiente protegido, ocorre baixo crescimento; e a céu aberto, há problemas com doenças, impactando na qualidade dos produtos. Não foi possível realizar o manejo das áreas para reconstrução de canteiros na maior parte do período. Verificam-se perdas de solo, nutrientes e matéria orgânica. As águas em áreas alagadas recuaram, mas, nas áreas inundadas, houve prejuízos aos produtores por serem locais baixos e preferenciais ao cultivo, já que a disponibilidade de umidade do solo é maior. O abastecimento dos produtos está limitado, principalmente em função da redução na oferta de hortigranjeiros em todo o Estado.

DESABASTECIMENTO

Com altos volumes de chuvas registradas na região de Pelotas, de 05 a 11/05, foi impossível realizar o manejo e a implantação das áreas de hortaliças. O tempo encoberto também afetou o desenvolvimento dos cultivos em estufas. Em Rio Grande, a produção de olerícolas está localizada nas ilhas do Leonídio, Marinheiros e Torotama e em áreas baixas próximas à Laguna dos Patos, onde o avanço das águas inundou as áreas de produção. Já ocorre diminuição significativa na oferta de brócolis, couve-verde, couve-manteiga, couve-flor, salsa e tomate. Em função da ocorrência de chuvas intensas e contínuas, a qualidade dos produtos colhidos é baixa (tamanho, peso e apresentação visual). Todas as olerícolas apresentam elevação nos preços, e já faltam as principais em todos os mercados da região, inclusive nos grandes atacarejos. A situação deverá se normalizar assim que for liberado o trânsito entre Pelotas e Porto Alegre, com livre acesso à Ceasa. O período é de transição na produção das hortaliças tradicionais de verão para as de meia-estação e inverno.

Na região de Santa Rosa, devido ao grande volume de chuvas nos primeiros dias de maio, muitos canteiros de hortas comerciais foram destruídos, mas estão sendo reconstruídos pelos produtores, que fazem o replantio das mudas. No entanto, essa reconstrução tem sido de forma lenta, em razão das condições climáticas desfavoráveis. Nos três dias em que houve sol no período – segunda a quarta-feira –, os produtores retomaram a adubação química e orgânica, o revolvimento do solo, bem como a demarcação e construção dos canteiros. O desenvolvimento das culturas ainda está prejudicado pelo excesso de umidade e pela baixa luminosidade. A produção sofreu muitos danos em razão das chuvas intensas, causando redução na oferta regional e aumento no preço das hortaliças. Os cultivos protegidos em estufas foram os menos afetados em relação ao crescimento das plantas. Abóbora e moranga estão em fase de colheita.

REPLANTIO APÓS PERDAS

O excesso de umidade no solo e a restrição de radiação solar na região de Soledade prejudicam o desenvolvimento de hortaliças e impedem a implantação de novas áreas. A enchente causou perdas expressivas em grande parte das lavouras do Baixo Vale do Rio Pardo; estimam-se perdas de 90% das folhosas e 70% das demais hortaliças da época. A falta de mudas impede a recuperação necessária da produção. Os cultivos restantes estão em estufas e em locais livres de alagamentos. O abastecimento de hortaliças depende de produtos provenientes de outras regiões, e as feiras têm sido muito impactadas pela escassez de produção local. Conforme relatos de Santa Cruz do Sul, a feira não tem produtos. Foi concluída a colheita de abóbora e moranga. Os produtores armazenam o excedente para comercialização futura. São realizados manejo das sementeiras de mudas de cebola, mas a restrição de radiação solar atrasa o crescimento das mudas e eleva a pressão de doenças. As brássicas foram severamente afetadas pela enchente, que provocou alagamentos e erosão em muitas áreas. Há dificuldade de realizar o replantio por falta de mudas, e não tem sido possível fazer o preparo de solo pela alta umidade.

Na de Santa Maria, as chuvas e a inundação causaram perdas em cultivos. Em Cachoeira do Sul, na cultura da alface, foram perdidos dois hectares pertencentes a dez olericultores, totalizando 19,2 toneladas. No município de Santa Maria, 20 hectares de alface foram afetados, contabilizando perda de cem toneladas; no cultivo de repolho, foram 15 hectares atingidos, totalizando 262 toneladas perdidas; e nas lavouras de mandioca, foram 30 hectares afetados, que somam 525 toneladas perdidas. Nesse município, são mais de 40 olericultores com prejuízos. Em São Pedro do Sul, as perdas são de 24 toneladas de alface em dois hectares. Já ocorre o aumento dos preços, pois há pouquíssima oferta de produtos. Em Silveira Martins, foram perdidas 120 toneladas de batata em uma área de seis hectares, atingindo dez agricultores.

Já na região de Lajeado, em Linha Nova, o volume de precipitações ultrapassou 600 mm nas últimas semanas, provocando instabilidade das encostas e vários deslizamentos de terra, bem como comprometendo residências, estradas e áreas de cultivo. A umidade do ar permaneceu elevada, e as temperaturas, amenas durante o dia, com considerável declínio à noite. Em Alto Feliz, as precipitações ocorridas foram muito acima da média (nos últimos 28 dias atingiram 874 mm) e causaram vários transtornos para a atividade agrícola, como bloqueio de vias, falta de luz, internet e telefonia. Em muitas localidades do município, a falta de luz durou até dez dias, inviabilizando muitos produtos.




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