A Cooperativa Languiru, com sede em Teutônia, no Vale do Taquari, anunciou no sábado (27) novas medidas para a reestruturação de suas atividades. Entre as mudanças, a organização informou que irá descontinuar as atividades de suinocultura e bovinocultura de corte, além de abrir a negociação da sua rede de varejo. A cooperativa pretende ainda intensificar a busca de parcerias para prestação de serviços ou venda de ativos, de renegociações com instituições financeiras e de apoio nas esferas políticas municipais, estadual e federal.
Com cerca de 6 mil associados, a Languiru tem dívidas estimadas em R$ 780 milhões. A cooperativa obteve receita de cerca de R$ 3 bilhões no ano passado, mas encerrou o período com prejuízo de R$ 123 milhões. Na sexta e no sábado, a organização reuniu conselheiros administrativos e fiscais, associados, empregados, lideranças políticas e sindicatos rurais, entre outros, para comunicar o plano. “Diante da situação atual, é primordial que a Languiru reveja suas estruturas, em todos os segmentos em que atua, procurando administrar a questão financeira por meio da descontinuidade de atividades ou negócios que não gerem resultado ou, ainda, que estejam drenando recursos”, disse o presidente da Languiru, Paulo Birck, em nota.
Até 12 de julho, a Languiru planeja encerrar os abates no seu Frigorífico de Suínos, em Poço das Antas. O abatedouro deverá ser negociado (para venda ou locação) ou utilizado para a amortização de dívidas. Granjas e demais ativos da cadeia de suínos também deverão ser vendidos. “Não temos uma solução perfeita (...), mas estamos procurando fazer o possível para auxiliar os associados. Em até 180 dias, todo o ciclo deve estar descontinuado”, destacou Birck. Já o Frigorífico de Bovinos, em Teutônia, será negociado. “A relação com produtores e os animais a campo é mais simples, pois é apenas uma negociação de compra e venda, cuja produção pode ser destinada a outros abatedouros que têm demanda pela matéria-prima”, explicou o vice-presidente da cooperativa, Fábio Secchi.
Para o presidente da Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Ocergs), Darci Hartmann, as decisões anunciadas pela Languiru são duras, mas necessárias. “Evidentemente, não se pode perder o foco e horizonte de buscar a desimobilização (venda de ativos), para que a cooperativa possa buscar seus caminhos de reestruturação e, no futuro, voltar com a importância que tem na sua região, no tamanho com que tem condições de atuar e competir”, comentou.
Varejo e avicultura
No segmento de varejo, o plano de reorganização da Languiru prevê a venda ou descontinuidade de unidades de agrocenter, supermercados, farmácias e postos de combustível. No caso do agrocenter, serão mantidas as lojas de insumos, bazar e ferramentas do Bairro Languiru, em Teutônia, e as seções de agrocenter que funcionam nos Supermercados Languiru de Bom Retiro do Sul, Cruzeiro do Sul e Poço das Antas. A unidade no Shopping Lajeado segue em atividade, mas já estão ocorrendo negociações de toda a estrutura da cooperativa no local.
A loja do Bairro Canabarro, em Teutônia, será incorporada ao Supermercado Languiru situado no prédio ao lado, e a de Arroio do Meio será incorporada ao Supermercado Languiru no município. Os agrocenters localizados no subsolo do Supermercado Languiru de Estrela, em Venâncio Aires, São Lourenço do Sul e Rio Pardo estão sendo descontinuados. Para a loja Agrocenter Máquinas do Bairro Languiru, em Teutônia, a cooperativa avalia parceria ou venda.
Com relação aos supermercados, a unidade do Bairro Alesgut, em Teutônia, será descontinuada nos próximos dias. A cooperativa avalia a venda da unidade no Shopping Lajeado e não descarta se desfazer de toda a rede de Supermercados Languiru, que soma 10 lojas. No caso das Farmácias Languiru, as duas unidades de Teutônia e a do Shopping Lajeado estão em negociação. A farmácia em Arroio do Meio, que funciona dentro do Supermercado Languiru, será descontinuada.
Na avicultura, a Languiru ajustará a produção do seu Frigorífico de Aves, situado em Westfália. Os abates diários passarão dos atuais 100 mil frangos para 60 mil frangos e outros 15 mil frangos por meio da prestação de serviço à empresa parceira. Com a redução do plantel no campo, a cooperativa espera reduzir também a necessidade de nutrição animal. “Com redução do volume produtivo, temos condições de negociar melhores preços para os produtos de frango Languiru. A redução do volume de abate também contribui para o processo logístico, sem a necessidade de estrutura de terceiros em centros de distribuição”, disse o presidente da Languiru, Paulo Birck.
Outros setores
A cadeia leiteira da Languiru atua em parceria com a Lactalis do Brasil, que tem unidade industrial instalada em Teutônia. A produção de leite in natura proveniente das propriedades dos associados da cooperativa está sendo industrializada na empresa, e parte da matéria-prima vem sendo direcionada à Indústria de Laticínios da Languiru, em Teutônia, para fabricação de derivados.
A cooperativa afirma que seguirá com suas atividades no segmento de grãos, com estrutura na área portuária de Estrela. Também será mantido o posto de recebimento no Bairro Alesgut, em Teutônia, e o que funciona na Fábrica de Rações, em Estrela. A Fábrica de Rações continuará fornecendo nutrição animal aos associados da cooperativa e prestando serviços de industrialização para parceiros, como a Cooperagri, de Teutônia. A Languiru também negocia com outras empresas parcerias na prestação de serviços. No segmento de hortifrutigranjeiros, não haverá mudanças. A produção dos associados abastece os Supermercados Languiru.