A MetSul Meteorologia adverte que um novo ciclone extratropical atingirá o Rio Grande do Sul entre amanhã e quarta.
O ciclone não será do tipo “bomba” como o último perto da nossa costa, ou seja, a pressão não cairá 24 hPa (hectopascais) em 24h em seu centro perto do nosso litoral como se deu na semana passada. Será um ciclone, assim, menos intenso que o último junto ao nosso litoral.
Os meteorologistas da MetSul enfatizam que, apesar de menos profundo, há riscos relevantes. O sistema desta semana, diferentemente do último que teve vento como fenômeno de maior impacto, terá a chuva como reflexo mais importante, o que não significa que não ocorrerão rajadas de vento forte.
Modelos (disponíveis com atualizações ao assinante na seção de mapas) mostram que os acumulados de chuva em grande parte da Metade Norte devem ficar entre 100 e 150 mm entre amanhã e quarta com possibilidade de marcas acima de 150 mm em algumas localidades. Algumas cidades terão, portanto, chuva superior a um mês em apenas 24h.
São esperados alagamentos, possíveis transbordamento de arroios e córregos, deslizamentos de terra (maior risco na Serra) e queda de barreiras em rodovias, sobretudo na região serrana.
A maior ameaça, porém, será a subida de rios. Deve chover muito na nascente do Jacuí, no Norte gaúcho, e em bacias como as do Taquari-Antas, Caí, Sinos, Gravataí e Paranhana, todas com vazão que escoará para o Guaíba em Porto Alegre dias depois.
Com a chuva da última semana e a de ontem, os rios estão altos. Outro episódio de chuva volumosa imediatamente após fará crítico o risco de cheias e enchentes.
Entre as áreas que mais devem ser atingidas pela intensa precipitação estão as da Metade Norte como as Missões, Planalto, Serra, Porto Alegre, área metropolitana e o Litoral Norte.
Na quarta, a chuva deve aumentar no Sul gaúcho pela atuação do vórtice (rosca) do ciclone na região.
Há risco de temporais isolados com raios, vento forte e granizo acompanhando o centro de baixa pressão que migrará do Paraguai e a partir de amanhã estará sobre o Rio Grande do Sul, começando a dar origem ao ciclone sobre o Leste gaúcho.
Espera-se vento também, porém sem a força da última semana. As rajadas mais fortes devem ficar em média entre 60 km/h e 80 km/h, mas em alguns pontos podem ficar perto ou passar de 90 km/h.
Como o solo estará saturado e portanto instável pela chuva excessiva, vento moderado a forte inevitavelmente trará queda de árvores e galhos. Com isso, problemas no serviço de luz devem ser esperados, mas sem a enorme extensão da falta de luz da última semana.
O ciclone extratropical da última semana foi intenso. A sua pressão atmosférica central caiu mais de 24 hPa em apenas 24h perto do litoral do Rio Grande do Sul, o que rendeu a caracterização de “ciclone bomba”. Reiteramos que isso não ocorrerá neste sistema. O rápido aprofundamento do sistema de baixa desta semana ocorrerá muito mais distante do continente, quando o ciclone já não estiver oferecendo mais riscos para o Sul do Brasil e com um sistema de alta pressão (de tempo seco e frio) já cobrindo a região.
Os violentos temporais no Norte gaúcho, Santa Catarina e Paraná da última terça-feira ocorreram por uma linha de instabilidade pré-frontal gerada no ambiente ciclogenético (de formação do ciclone) sobre o Rio Grande do Sul com muito baixa pressão atmosférica em superfície, ar muito quente e uma forte corrente de jato em baixos níveis da atmosfera no Sul do Brasil, combinação de fatores extremamente propicia para tempo severo.
Agora, nesta semana, instabilidade associada ao ciclone vai avançar por Santa Catarina e parte do Paraná, com chuva e risco de temporais isolados, mas o cenário é de muito menor risco que na última semana.