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Como a guerra na Ucrânia afeta exportações do Brasil para a Rússia

Os executivos dizem que ainda aguardam orientações do governo brasileiro sobre adesão ou não do Brasil ao bloco dos países que lançaram sanções contra o governo de Vladimir Putin.

Publicada em 03/03/2022 às 14:12h

por Uol Economia


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Soja, principal produto na pauta de exportação do Brasil para a Rússia, gerou US$ 343 milhões em vendas em 2021  (Foto: Paulo Whitaker)

A venda de produtos brasileiros para a Rússia ainda não foi afetada pelas consequências da invasão da Ucrânia pelas forças armadas russas, dizem exportadores. Mas empresários do agronegócio, setor que se destaca na pauta de exportações para o mercado russo, temem que problemas na logística e nos pagamentos atrapalhem os negócios. 

A participação das compras russas no total exportado pelo Brasil vem caindo desde 2008, e fechou 2021 com uma fatia inferior a 1%. Apesar dessa participação pequena, uma menor importação da Rússia afetaria os negócios de exportadores de carnes, soja, amendoim, café e açúcar.

Os executivos dizem que ainda aguardam orientações do governo brasileiro sobre adesão ou não do Brasil ao bloco dos países que lançaram sanções contra o governo de Vladimir Putin.

O conflito entre Rússia e Ucrânia está acontecendo apenas no território ucraniano, que foi invadido, sem afetar, portanto, a infraestrutura ou logística dos mercados russos. 

Mas as exportações brasileiras para a Rússia podem ser afetadas por causa das sanções econômicas anunciadas por diversos países do Ocidente, em movimento liderado pelos Estados Unidos. 

Entre as sanções adotadas está a suspensão de vendas e compras de produtos para e do mercado russo e o bloqueio de contas e financiamentos bancários para empresas russas.

Por enquanto, dizem empresários, nenhuma orientação foi dada pelo governo brasileiro aos exportadores que vendem para a Rússia. 

Questionado se o Brasil vai continuar ou não exportando para a Rússia, ou se há alguma orientação aos exportadores que vendem para a Rússia, o Ministério da Economia não tomou uma posição oficial.

"O Ministério da Economia, pasta à qual está vinculada à Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais (Secint), acompanha atentamente os desdobramentos da crise na Ucrânia e, neste momento, não irá se pronunciar sobre o assunto", diz nota encaminhada ao UOL. 

Segundo o ministério da Economia, exportadores brasileiros não contataram a Secint relatando dificuldades de exportação ao mercado russo. Além disso, diz a pasta do governo, ainda não foram observados movimentos atípicos nos dados de exportação para a região.

A participação da Rússia nas exportações brasileiras está caindo ao longo dos últimos anos. Após bater um pico de US$ 4,6 bilhões, em 2008, as vendas de produtos brasileiros para o mercado russo oscilaram nos anos seguintes, mas com tendência predominante de retração, até chegar a 2021 somando US$ 1,6 bilhão, segundo dados da Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais (Secex). 

Ao longo de todo o ano passado, o mercado russo comprou US$ 1,7 bilhão do Brasil. A Rússia foi apenas o 36º país na lista de mercados consumidores do Brasil, respondendo por 0,6% das exportações brasileiras.

Para comparar, em 2008, a Rússia comprou 2,4% das nossas vendas externas.

Produtos mais vendidos pelo Brasil para a Rússia em 2021 (Fonte: Secex)

Soja: US$ 343 milhões 

Carnes de aves: US$ 167 milhões

Carne bovina: US$ 137,6 milhões 

Amendoins: US$ 130 milhões 

Café não torrado: US$ 133 milhões 

Açúcares e melaço: US$ 127 milhões

Apesar dessa participação marginal nas exportações brasileiras, uma redução da demanda russa afetaria alguns negócios, em especial dos segmentos de carnes e grãos. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, o mercado russo aparece entre os dez maiores compradores de carnes do Brasil e vem ganhando relevância na pauta de exportação, na medida em que algumas barreiras comerciais e sanitárias estão sendo retiradas. 

O diretor e conselheiro da Sociedade Nacional da Agricultura (SNA), Marcio Sette Fortes, também conselheiro da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e professor do Ibmec-RJ, diz que tanto empresários como o governo do Brasil vêm fazendo um esforço nos últimos anos para abrir o mercado russo aos produtos brasileiros. E, por isso, não faria sentido um alinhamento precipitado às sanções contra os russos.

 




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