O preço da gasolina teve pequena variação positiva no Rio Grande do Sul entre o final de 2019 e o início de 2020. Mesmo com a relativa estabilidade, o valor médio do litro alcançou o maior nível em 31 semanas. Ou seja, é o mais elevado em sete meses no Estado, indicam dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) analisados por GaúchaZH.
De 29 de dezembro a 4 de janeiro, o valor chegou a R$ 4,766. Na semana anterior, estava em R$ 4,760. O preço é o mais caro da Região Sul e o quinto mais salgado do país. Nos próximos dias, o mercado deve seguir atento a eventuais desdobramentos da crise entre os Estados Unidos e o Irã. Até o momento, a tensão internacional não teve impacto nos postos do Rio Grande do Sul, apontam analistas.
Na reta final da semana passada, logo após o ataque americano que matou o general iraniano Qassem Soleimani, a cotação do petróleo passou a subir no mercado internacional. Como a Petrobras leva em conta a variação da commodity para definir o valor dos combustíveis no Brasil, cresceu o temor de disparada aos consumidores. Nesta quarta-feira (8), pronunciamento do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acalmou os ânimos no mercado, sinalizando trégua na disputa com o Irã.
Sócio-fundador da consultoria MaxiQuim, João Luiz Zuñeda afirma que, no final de 2019, a gasolina sofreu "pressão" de uma série de fatores no Estado. Entre eles, o avanço dos preços do petróleo e do etanol, que é misturado ao combustível. Zuñeda acrescenta que, no início do verão, a demanda pelo produto costuma subir, já que parte da população viaja a regiões como o Litoral. Em razão da maior procura, o valor nas bombas tende a aumentar, completa o analista.
– Se o preço da gasolina estivesse em nível mais baixo, a tensão entre Estados Unidos e Irã provocaria alta em seguida. Não é o que está acontecendo. A própria Petrobras ainda não reajustou o valor nas refinarias. Isso indica que o preço já estava em patamar elevado antes do confronto entre os dois países – avalia Zuñeda.
Acima de R$ 5 no Interior
Na semana passada, a gasolina mais cara do Estado foi encontrada pela ANP em Bagé. No município da Campanha, o combustível rompeu a barreira simbólica dos R$ 5, custando, em média, R$ 5,366. No sentido contrário, Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, teve a marca mais baixa, de R$ 4,609. Em Porto Alegre, o preço atingiu R$ 4,770, o que representa leve redução frente aos sete dias anteriores (4,781).
– O cenário é de incerteza. Em 2019, houve aumento nas refinarias e no preço do etanol, que é misturado à gasolina. A crise internacional traz insegurança no início deste ano. Mesmo assim, não imagino alta violenta nos preços dos combustíveis – afirma João Carlos Dal’Aqua, presidente do Sulpetro, que representa os postos gaúchos.
Na visão do dirigente, a intenção da Petrobras de privatizar refinarias tende a aumentar a competição dentro do segmento. Com disputa maior, o consumidor pode ser beneficiado, argumenta Dal’Aqua. Uma das unidades na mira da proposta é a Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, na Região Metropolitana. Entidades que representam petroleiros criticam o projeto.
– Há incertezas devido ao conflito entre Estados Unidos e Irã. O discurso de Trump deu amenizada na situação. É parte de um morde-assopra. Daqui a pouco, ele pode tuitar algo mais forte. Apesar disso, espera-se que o conflito não vá muito além da retórica – comenta professor Maurício Canêdo, da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Entre os Estados, o Rio de Janeiro registrou, na semana passada, a gasolina mais cara do país, conforme a ANP – o litro do combustível custou R$ 4,972 em média. O Amapá está na outra ponta da lista. No Estado da Região Norte, o valor ficou em R$ 4,026.