Um novo episódio de chuva extrema vai atingir o Rio Grande do Sul nesta semana, de acordo com informações da MetSul Meteorologia. A projeção é que os acumulados sejam excessivos em áreas do Centro, do Oeste e do Sul, com marcas que em apenas três a quatro dias de precipitação devem atingir entre a média e o dobro da média histórica de precipitação do mês inteiro. Este será o terceiro episódio de chuva excessiva no território gaúcho neste mês, marcado até agora volumes muito acima do normal, com saldo trágico que chega a 43 mortos em consequência do último evento de precipitação extrema.
Saiba o que vai acontecer por dia em cada região
Segunda-feira: o novo episódio de instabilidade tem complexidade e pode ser dividido, segundo a MetSul, em quatro momentos distintos. Primeiro, uma frente fria alcança o Estado. O sol deve aparecer em todo o RS nesta segunda, e o ingresso de um ar quente vai trazer muito calor, com máximas de 31ºC a 34ºC em muitas cidades. No final do dia, uma frente fria alcança o Oeste e o Sul gaúcho, com chuva forte, temporais com raios e risco de granizo e/ou vento forte em alguns pontos.
Terça-feira: no segundo momento ,a frente vai estar bloqueada por ar mais seco e quente sobre o Brasil. Deve chover muito em pontos do Oeste e da Metade Sul, podendo ocorrer temporais com granizo e vento, com a instabilidade alcançando pontos do Centro do Estado até o fim do dia. No Norte gaúcho, onde o dia será de sol, a temperatura atinge 30ºC à tarde, enquanto na mesma hora estará fazendo 10ºC a 13ºC em cidades da Metade Sul.
Quarta-feira: no terceiro momento, uma área de baixa pressão avança para o RS, onde se aprofunda, voltando a reforçar a chuva sobre o Estado com pancadas localmente fortes a torrenciais em diversas regiões. Haverá elevado risco de temporais isolados com granizo e rajadas de vento forte.
Quinta e sexta-feira: já entre no quarto momento, o centro de baixa pressão migra para o Atlântico, onde se transforma em ciclone extratropical e impulsiona uma frente fria com chuva e temporais isolados para Santa Catarina, Paraná, parte do Centro-Oeste e do Sudeste do país. A circulação de umidade será responsável por trazer chuva forte e volumosa ainda na quinta no Leste e no Nordeste gaúcho.
O ar frio ingessa entre terça e quinta no território gaúcho, inicialmente pelo Oeste e o Sul, e de quarta para a quinta na maioria das regiões, acompanhado de rajadas de vento do quadrante Sul que em vários pontos devem ficar entre 50 km/h e 70 km/h, mas que, isoladamente, podem ser superiores. Na sexta-feira (15), ar mais seco e frio toma conta do RS e a instabilidade já deve estar afastada do estado. Será o começo de uma pequena sequência de dias com a presença do sol no estado gaúcho.
Saiba onde vai chover mais
Todos os modelos numéricos analisados pela MetSul indicam que os volumes de chuva mais elevados neste episódio de precipitação tendem a se concentrar no Oeste e no Sul gaúcho, podendo se estender ao Centro.
A previsão aponta para volumes de chuva entre esta segunda e a quinta de 100 mm a 200 mm em muitas áreas do Sul e do Oeste do estado. Haverá pontos em que as precipitações devem exceder os 200 mm e não são descartadas marcas isoladas de 250 mm a 300 mm. Isso significa que os acumulados de chuva apenas entre segunda e quinta em várias cidades do Oeste e do Sul do Estado podem atingir valores entre a média e o dobro da média do mês inteiro.
A MetSul enfatiza que sob condições de baixa pressão e sistemas de caráter semi-estacionário, como nesta semana, a faixa de chuva volumosa pode variar 50 a 100 quilômetros mais para o Sul ou o Norte que o indicado pelos modelos, assim que se inclui a faixa central do estado na zona de risco. Os dados não indicam chuva extrema nas nascentes das bacias que cortam os vales e que estão no Nordeste do estado (Serra e Aparados), embora deva chover forte nestas regiões, especialmente entre quarta e quinta.
Alagamentos, inundações e mais enchentes
Os volumes de chuva serão suficientemente altos para provocar alagamentos em áreas urbanas e rurais, além de inundações. Volumes excessivos em poucas horas trazem ainda o risco de inundações repentinas localizadas. A MetSul adverte ainda que os excessivos acumulados devem agravar a condição hidrológica dos rios que já passam por cheias, podendo gerar novos quadros de enchentes.
Os rios que preocupam são o Quaraí, Ibirapuitã, Jaguarão, Piratini e Camaquã, no Oeste e no Sul. No Centro, atenção maior com os rios Ibicuí e Jacuí. Além disso, os excessivos acumulados de chuva que se somam ao registrados dias atrás podem gerar o extravasamento de alguns açudes.
Preocupa que esta chuva volumosa coincidirá com a Lagoa dos Patos com volume alto em Pelotas e Rio Grande, o que aumenta o potencial de alagamentos nestas cidades. Os canais em Pelotas, já altos, tendem a ter aumento ainda maior. O vento por vezes forte, com a lagoa alta, é outro fator que pode agravar a condição para alagamentos.
Algumas estradas, particularmente municipais e rurais, devem se tornar intransitáveis com prováveis trechos e pontilhões cobertos pela água. Com a perspectiva de forte correnteza, trechos alagados devem ser terminantemente evitados por motoristas.