O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que decide nesta segunda-feira (21), se a Rússia reconhece a independência dos dois territórios separatistas no leste da Ucrânia. A decisão encerraria processo de paz neste conflito. A questão é alvo de um pedido do Legislativo da Rússia (Duma) e fonte de divergência com a Ucrânia.
"Ouvi suas opiniões. A decisão será tomada hoje", disse Vladimir Putin a membros de seu Conselho de Segurança ao final de uma reunião transmitida pela televisão russa.
Segundo Putin disse nesta segunda, seu homologo francês, Emmanuel Macron, afirmou que a Ucrânia está pronta para implementar os Acordos de Minsk, assinados em 2015 com o objetivo de pacificar os conflitos em regiões separatistas na Ucrânia.
Em reunião do Conselho de Segurança russo, o principal negociador sobre a situação em Donbass, Dmitry Kozak, disse acreditar que a Ucrânia "não irá aderir nunca aos acordos de Minsk". "Precisamos responder à pergunta, feita há um longo tempo, sobre o reconhecimento de regiões separatistas", disse Putin. "Vemos as ameaças e a chantagem pelo Ocidente. Vemos e sabemos por que as fazem".
O presidente russo afirmou não ter pedido aos membros do conselho suas opiniões com antecedência. "O que está acontecendo agora é que eu gostaria de saber suas opiniões sem nenhuma preparação anterior", afirmou. Uma a uma, diversas autoridades ligadas à segurança da Rússia defenderam o porquê de acreditarem que Donetsk e Luhansk, que integram a região de Donbass, devem se tornar independentes. Os discursos pontuaram que os cidadãos locais têm o russo como a língua-mãe.
Putin ressaltou que a questão era sobre a independência da região. "Não estamos discutindo sua adesão ao nosso território", afirmou.
Nesta segunda, informações de Inteligência dos Estados Unidos sugeriram que qualquer invasão russa da Ucrânia empregaria uma estratégia particularmente brutal para "esmagar" a população civil. A afirmação foi do conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.
Um eventual ataque russa ao país vizinho seria uma operação "extremamente violenta", "mas também temos informações de Inteligência para sugerir que haverá uma forma de brutalidade ainda maior" por parte das forças russas, disse ele à emissora NBC News. "Será uma guerra travada pela Rússia contra o povo ucraniano para reprimi-los, esmagá-los, prejudicá-los", insistiu Sullivan.
Os Estados Unidos já advertiram a ONU para a existência de uma lista negativa, elaborada por Moscou, de ucranianos a serem eliminados em caso de invasão, conforme documento consultado no domingo pela AFP.
Washington tem "informações confiáveis de que as forças russas usariam medidas letais para dispersar protestos pacíficos, ou de alguma forma, para neutralizar o exercício pacífico de resistência de populações civis" na Ucrânia, afirma esta carta endereçada à alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.
Na missiva, uma diplomata americana adverte que a eventual invasão russa poderia levar a abusos, como sequestros e atos de tortura, e poderia ter dissidentes políticos como alvo.