O governo da Ucrânia confirmou em suas redes sociais na tarde de domingo (27), a destruição do Antonov An-225, considerado o maior avião do mundo. Em meio ao conflito envolvendo a Rússia, o aeroporto de Gostomel, em Kiev (capital do país), foi atacado, destruindo o local onde o cargueiro se encontrava.
A situação do avião era incerta desde o fim da semana passada, com o avanço de tropas russas no país. Após os primeiros ataques, circularam boatos envolvendo a equipe que opera a aeronave de que ela estaria intacta, mas isso não durou.
O cargueiro havia voltado a voar em junho de 2021 após ficar parado por cerca de dez meses, período em que houve a troca de motor e implementação de melhorias em seus sistemas.
Ele era considerado o maior avião em operação, com peso máximo de decolagem de 640 toneladas, o que inclui o peso da própria aeronave somado ao combustível e à carga transportada.
Sua capacidade o coloca à frente até mesmo do Airbus A380 e do Boeing 747, os maiores aviões de passageiros do mundo na atualidade, com peso máximo de decolagem de até 572 ton. e 447,7 toneladas, respectivamente.
Ele perdia apenas em envergadura para o avião estadunidense Stratolaunch. Enquanto o modelo ucraniano possuía uma distância de ponta a ponta da asa de 88 metros, o Stratolaunch possui 117 metros de envergadura, mas um peso máximo de decolagem de cerca de 590 toneladas.
Para conseguir sair do chão, o An-225 conta com seis motores, e seus trens de pouso têm 32 pneus ao todo (quatro no trem dianteiro e 28 no trem principal.
O tamanho e capacidade de carga do An-225 tornam possível que várias peças e equipamentos sejam transportados ao redor do mundo. Com capacidade para transportar até 250 toneladas no compartimento de carga, ele se torna uma peça chave para algumas indústrias enviarem sua produção para locais onde serão utilizadas, o que pode gerar impactos na economia a longo prazo.
Em 2016, por exemplo, ele passou pelo Brasil, onde passou pelos aeroportos de Guarulhos (SP) e Viracopos (Campinas). Ele decolou do Brasil levando um gerador de 150 toneladas e a base do equipamento, com 30 toneladas, com destino ao Chile.
Os mesmos produtos, se fossem levados por terra, envolveriam muito mais custos. Seria praticamente impossível o transporte dessa maneira, já que as vias não costumam comportar tanto peso, além do tempo que isso levaria.
O AN-225 também é chamado de Mriya, que significa sonho ou inspiração em ucraniano. Ele ainda é conhecido pela designação de Cossaco, dada pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
A fabricante Antonov iniciou a produção de uma segunda unidade ainda na década de 1980, mas o projeto foi abandonado. O esqueleto desse novo exemplar encontra-se guardado até hoje na fábrica da Antonov, na Ucrânia.
Se sobreviver aos ataques, sua construção poderá ser terminada, e o Mriya voltará aos céus. Essa possibilidade, inclusive, já chegou a ser cogitada em meados da década passada, e seria realizada em parceria com a China, porém, não evoluiu.
Antonov AN-225 conta com 32 pneus ao todo em seus trens de pouso Imagem: Lucas Lima/UOL