Foram presos nesta terça-feira (5), durante uma operação da Polícia Federal (PF) que combate o contrabando de grãos na Fronteira do RS com a Argentina, dois suspeitos que pretendiam matar o repórter Giovani Grizotti, da RBS TV. A PF interceptou mensagens trocadas pelos dois investigados que revelam o plano.
Na conversa, um dos suspeitos afirma que as reportagens do jornalista "forçam a polícia a ir atrás", ou seja, a investigar os crimes. O outro, então, sugere mandar matar o repórter. Ele recebe como resposta que o suposto assassinato melhoraria o esquema.
— Não é denúncia. É aquele Grizotti, investigador da Rede Globo. Fica procurando "sarna pra se coçar" e daí ele pega vai e faz essas investigações e larga em rede nacional. Daí, ele força a polícia a ir atrás disso aí, né?
— Manda matar. Você acha que para?
— Eu acho que vai parar pros pequenos, mas pros... caras que têm mais coragem, eu acho que o brique melhora, fazendo isso eu acho que o brique melhora.
Em outubro de 2022, Giovani Grizotti mostrou, no RBS Notícias e no Jornal Nacional, da TV Globo, o esquema do contrabando de soja na fronteira do RS com a Argentina, com flagrantes da ação das quadrilhas e revelando a fraude nas notas para "esquentar" as cargas.
No lado argentino da fronteira, a soja foi vista sendo colocada nos barcos com uma espécie de escorregador. A travessia é feita pelo Rio Uruguai até chegar no Brasil, na cidade de Tiradentes do Sul, no Noroeste do RS.
Diversos portos clandestinos estão abertos nas margens do rio para garantir o contrabando. Nas estradas de chão batido, pela cidade, é possível perceber a movimentação de tratores e caminhões usados no transporte.
Os nomes dos presos na operação desta quinta não foram divulgados pela PF. O caso tramita em segredo de Justiça.
A operação desta quinta-feira
Um grupo suspeito de movimentar R$ 3,5 bilhões nos últimos cinco anos em contrabando de grãos, especialmente soja e milho, da Argentina para o Brasil, foi alvo de operação da Polícia Federal (PF). Durante a manhã, a PF cumpriu 59 mandados de busca e apreensão e 16 mandados de prisão em cinco estados (Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Tocantins e Maranhão).
De acordo com a PF, o grupo utilizava portos clandestinos para facilitar a entrada dos produtos no Brasil e fazia os pagamentos por meio de doleiros e empresas de fachada. A investigação apontou que duas das empresas utilizadas pelos supostos contrabandistas compraram cerca de R$ 1,2 bilhão em criptomoedas.
Também foram cumpridas medidas de bloqueio de contas bancárias vinculadas a pessoas físicas e jurídicas, que chegaram a um total de R$ 58 milhões, além de apreensão de automóveis, imóveis de luxo e uma aeronave com valor estimado de R$ 3,6 milhões.