A nova variante do coronavírus, a Ômicron, colocou em alerta mercados, governos e autoridades sanitárias e desencadeou restrições em viagens provenientes de alguns países africanos, já que a nova linhagem foi identificada pela primeira vez na África do Sul.
Apesar do pânico que isso pode gerar, ainda há muito o que se saber sobre a Ômicron. Muitas pessoas se preocupam, por exemplo, sobre que medidas de prevenção devemos adotar?
Embora os cientistas dizem que há motivo para preocupação com a variante, eles enfatizam que ainda há muitas coisas que não sabemos, incluindo se a nova mutação é realmente mais contagiosa, se causa a forma mais grave da doença ou quais os seus efeitos sobre a eficácia das vacinas.
“Embora isso seja preocupante, como a OMS indicou, acho que temos que dar um passo atrás e esperar pela ciência”, disse o epidemiologista Dr. Abdul El-Sayed à CNN.
Ômicron: quais medidas de prevenção podemos tomar? As restrições de viagens funcionam como prevenção?
Enquanto descobrem o impacto potencial da variante, os governos estão tentando ganhar tempo com uma série de novas restrições de viagens.
Mas algumas autoridades criticam essas restrições por serem injustas e ineficazes.
O Escritório Regional da Organização Mundial da Saúde para a África disse, no domingo, que apoia as nações africanas e pediu que as fronteiras permaneçam abertas, já que um número crescente de países ao redor do mundo impõe proibições de voos provenientes de países do sul da África.
De acordo com o escritório regional, os países devem adotar uma abordagem científica baseada no risco e implementar medidas que possam limitar a possível disseminação da variante.
O copresidente do Comitê Consultivo Ministerial da África do Sul sobre a Covid-19, Salim Abdool Karim, disse a John Berman, no New Day da CNN de segunda-feira, que as restrições de viagens são “ultrajantes”.
“Em primeiro lugar, é ultrajante que a África do Sul e os países do sul da África estejam sendo punidos por terem uma boa vigilância e garantir que queríamos ser completamente transparentes e compartilhar esses dados com o resto do mundo assim que soubemos e foi confirmado”, disse Karim, quando questionado sobre as restrições de viagem em vigor e como elas eram eficazes.
“Se você pensar sobre o que vivenciamos com a variante Delta, em questão de três semanas estava em mais de 53 países, se tornará supérfluo e irrelevante tentar restringir as viagens de alguns países, porque vai se espalhar para muitos outros países”, disse ele.
O que podemos fazer contra a Ômicron? As lições de prevenção após quase dois anos de pandemia
Embora, as diferentes mutações da Ômicron tenham despertado o interesse de autoridades de saúde em todo o mundo, ainda é o mesmo vírus com o qual convivemos há quase dois anos.
Por esse motivo, as agências de viagens sugerem cinco medidas que podem ajudar a prevenir casos da nova mutação e outras variantes em viajantes:
• Pedir certificados de vacinação para viajar
• Apresentar teste PCR negativo antes do embarque
• Quem tiver sintomas não deverá viajar
• Uso obrigatório de máscaras durante o voo e nos aeroportos
• Realizar teste nos viajantes no ponto de chegada
Outras medidas, como a quarentena, também podem impedir os casos da nova variante, acrescentam.
Barreiras físicas de prevenção
As medidas anteriores ainda funcionam contra essa variante. Dessa forma:
• Lavagem frequente das mãos
• Distanciamento físico
• Boa ventilação dos ambientes
• Vacinação e doses de reforço
• A vacinação é mais importante do que nunca contra a Ômicron
O Dr. Ashish Jha, reitor da Escola de Saúde Pública da Universidade de Brown, nos Estados Unidos, disse não acreditar que a variante Ômicron crie uma situação em que “as vacinas se tornem inúteis”.
“Acho que isso é extremamente improvável”, disse ele. “A questão é: há um pequeno impacto na eficácia da vacina ou um grande impacto? Acho que provavelmente teremos alguns dados preliminares nos próximos dias”.
Os laboratórios que produzem as vacinas disponíveis anunciaram que trabalharão para testar a eficácia de seus produtos contra essa nova variante.
As autoridades de saúde americanas recomendam que as pessoas não sejam complacentes e usem todas as ferramentas à disposição contra a variante Ômicron da Covid-19.
Eles dizem que as vacinas e as doses de reforço ainda são a melhor proteção disponível.
Até o momento, cerca de 59,1% da população dos EUA está totalmente vacinada e cerca de 19,1% das pessoas totalmente vacinadas receberam uma dose de reforço, de acordo com o CDC.
A variante Ômicron reforça a necessidade de vacinação, disse à CNN o diretor do National Institute of Health, Dr. Francis Collins, no domingo.
“Temos que usar todos os tipos de ferramentas disponíveis em nossa caixa de ferramentas para evitar que [a Ômicron] entre em uma situação que torne isso pior”, disse.
“Isso também significa que devemos prestar atenção às estratégias de mitigação das quais as pessoas estão realmente cansadas, como usar máscaras em ambientes fechados com outras pessoas que possam não ser vacinadas e manter distância física”, acrescentou. “Eu sei, Estados Unidos, vocês estão realmente cansados de ouvir essas coisas. Mas o vírus não está cansado de nós. E está mutando”.
Segundo explica a OMS, essas medidas poderiam até evitar o surgimento de novas variantes e quebrar a cadeia de transmissão.
Mesmo entre a população vacinada, essas ações são mais importantes do que nunca.