Perto de completar dois anos, desde que foi declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a pandemia de coronavírus trouxe morte e sofrimento a todo o Mundo. No Brasil, mais de 635 mil pessoas perderam a vida em decorrência da Covid-19, sendo 37 mil delas no Rio Grande do Sul. Dentro deste cenário, chama atenção um pequeno município no noroeste gaúcho, único entre os 497 do Estado que, até agora, não teve vítimas fatais entre os infectados. Novo Tiradentes, com uma população de 2.158 habitantes, conforme estimado no ano passado pelo IBGE, distante 397 quilômetros de Porto Alegre, localizada na região de Palmeira das Missões, é um município prioritariamente rural, tendo como atividades econômicas de destaque a produção de soja, grãos e fumo, além da pecuária.
Com uma rede de saúde que consiste em apenas uma Unidade Básica de Saúde (UBS), a prefeitura credita os poucos casos com gravidade à conscientização da população, à vacinação e ao acompanhamento. “Estamos trabalhando muito a prevenção, estimulando o uso de máscara. O paciente chega, é atendido e encaminhado para o teste oportuno. Nos casos positivos, fazemos o monitoramento de sintomas do paciente pelo telefone”, explica a secretária da Saúde e Assistência Social, Marilia Della Pasqua.
Conforme dados do Painel Coronavírus do governo estadual, até o dia 9 de fevereiro, Novo Tiradentes registrou 315 casos confirmados até aqui, número superior a outros 60 municípios gaúchos. Até esta quinta-feira, 10, havia 21 casos ativos, nenhum demandando internação hospitalar. Como não há hospital no município, em caso de internação os pacientes são encaminhados a Rodeio Bonito, distante cerca de 14 quilômetros.
Os dados do painel de vacinação da Secretaria Estadual de Saúde mostram Novo Tiradentes com 95,5% da população adulta com esquema vacinal completo com duas doses. Della Pasqua credita o número a grande adesão dos idosos que, segundo a secretária, compõem a maioria da população tiradentense. “Temos muitos idosos e eles se conscientizaram mais que os jovens. As pessoas se vacinaram, usaram máscara e evitaram sair para outras cidades ou receber visitas. Chega a ser clichê. Estamos repetindo isso há dois anos, mas nossa população colaborou”, comemora.
Na contramão da adesão dos idosos à vacinação, a secretária Marilia mostra preocupação com a imunização das crianças. “Gostaria de reforçar que os pais tragam as crianças. Há dias que temos demanda, outros que precisamos ligar e pedir para que os pais tragam seus filhos. Estamos preocupados com o início do ano letivo e por isso fazemos esse apelo”.
O ano letivo inicia no próximo dia 21 no município. Das 167 crianças entre 5 e 11 anos residentes em Novo Tiradentes, segundo estimativa da Coordenadoria de Saúde, 40,71% tomaram a primeira dose pediátrica. Pelo número baixo de crianças, a secretaria esperava que a maioria já tivesse iniciado a imunização antes da volta às aulas. “Sabemos que algumas crianças foram contaminadas pela Covid e têm que aguardar 30 dias, mas, mesmo assim, teria que haver mais crianças vacinadas”, afirma Della Pasqua.